Cantiga de pedras
Às vezes quero me fazer livre da lógica, da métrica, do sentido propriamente dito das coisas. Eu quero viver, e eu quero escrever sem regras, rir das palavras estúpidas que brotam na cabeça…

Dos sentimentos que quebraram a rodinha da frente
esse brinquedo de duas mãos
o barulho de seus despedaços é divertido
que te enchem de risos
e fazem de mim um garoto chorão
da saudade, que já não me busca
e o cansaço que deixa meu sorriso débil
de aventureiro à rotineiro.
O frio eterno espantado pela lareira
deixou meu limoeiro estéril
Já não ouço mais seus passos
caminhando sem roupas à minha cama
e as maçãs em seu rosto exalar eruditos dilemas
quero recostar no divã, aquele esquecido no porão
e questionar aqueles rostos desconhecidos
nos porta-retratos empoeirados
se o seu sorriso era mais que um momento
mesmos nos dias mais improváveis
e aguardar junto deles o esquecimento
Atear fogo por estas pedras já cálidas
e se esse poema terminar sem nenhuma rima
culpem Dionísio pela minha embriaguês de vinho
pois Eros sempre recebe habeas-corpus
por seus delitos
e fazer cafuné nesses escritos,
até que durmam uma a uma as palavras