Cidade de Deus
Tenho saudades do Brasil. Do cheiro de café de manhã, de ver pessoas conversando na rua e dizendo oi! Saudade do calor humano e do sol. Este poema tem um pouco da minha cidade natal, Bandeira do Sul, e de tudo o que traz nostalgia.

Nas paredes do quarto
escorrem notas musicais
Rosas no jardim contorcidas
parecem ter bailado na escuridão
e as cinco da tarde despenca do céu
uma chuva de bronze
no salão de festas se ouve risos
da noite anterior esquecidos nos
resíduos jogados no chão
Mulheres deixam seus lares
para comprar baguette
embaixo de sombrinhas multicores
e engraxates se instalam nas praças
Crianças são seduzidas por
bolinhas de sabão velozes
e velhinhos gastam os últimos grãos
de areia de suas ampulhetas
com jogos de cartas.
Nos hospitais se ouve choro
de recém-nascidos e de familiares
que perderam seus entes queridos.
Fábricas desenham no céu com tinta preta
e cavalos marcham arrastando palha.
Lar, doce lar!
oca, cabana, barraco,
papelão, colo de mãe!
Somos todos filhos de Deus,
os que passam fome ou não.